Philip Roth, 191 páginas, editora
Companhia das Letras, 2012.
Patrimônio foi uma
leitura obrigatória para a escola, enquanto eu cursava o segundo ano
do Ensino Médio. Longe de ser um clássico reconhecido (pelo menos,
não por mim, que só soube da existência do livro por conta do meu
professor de literatura), acompanhamos a biografia do autor e uma das
fases mais difíceis de sua vida, quando ele tem de encarar a
morte do pai. Herman Roth, aos 87 anos é diagnosticado com um
tumor cerebral que, com o decorrer do tempo, se desenvolve e começa a
desligar algumas de suas funções corporais. Sendo um homem
extremamente teimoso e autoritário, nos últimos momentos da vida,
Heman procura se desprender do mundo material e larga até
mesmo seus tefilins (um objeto sagrado do judaísmo).
“Então ele não
falou mais nada e se ausentou, ficou sozinho, perdido, e eu não
teria me surpreendido se ele morresse ali mesmo. Os olhos não
focalizavam lugar nenhum, nada, como se ele houvesse acabado de levar
um tiro fatal. Ficou assim fora do ar por mais ou menos um minuto.
Então, tendo absorvido o golpe, voltou à luta, calculando o tamanho
de sua perda.”
Philip mostra-se um filho exemplar durante todo o tempo, tendo muita paciência com o pai, mesmo nos momentos de discórdia entre eles. Temos como tema central o relacionamento familiar entre os dois, mas também são exploradas questões ligadas ao judaismo, como o holocausto e o antissemitismo. É impossível começarmos a leitura sem um nó no coração, sabendo do que o livro se trata, mas conforme a narrativa se desenvolve, nos é revalado o oposto: não encontramos partes sentimentais, filosóficas ou carregadas de tristeza; mas sim a total consciência da agressividade da morte.
“Até os filhos da
puta morrem. Essa é a única coisa boa que se pode dizer da morte –
ela pega os filhos da puta também.”
Há alguns anos perdi
um parente para o câncer a a identificação com o autor e
todos os seus sentimentos é inevitável. Li Patrimônio em poucos
dias e mesmo que mais se pareça com um relato jornalístico, me
levou a refletir sobre os mais diversos assuntos. Essa obra
certamente não agradará a todos os tipos de leitores, então
aconselho iniciar a leitura de cabeça aberta, sem
muitas expecitativas, na neutralidade.
Minha edição é da Companhia das Letras, uma editora que sempre se preocupa com a qualidade dos livros, então já garanto que tudo ficou perfeito! A simplicidade da capa, mas ainda assim, com uma cor vibrante é bastante semelhante ao que encontramos na escrita. As páginas amareladas e fonte no tamanho ideal permitem ao leitor uma experiência incrível!
“E nos abraçamos com
grande emoção, como se nunca mais fôssemos nos ver. E de fato
nunca mais nos vimos.”
O livro parece ser ótimo!
ResponderExcluirAdorei seu blog, seguindo, claro!
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Que coisa boa é a gente não conhecer um livro e ele nos surpreender não? Ainda mais fazer a gente refletir e pensar nas coisas é muito reconfortante, e é pra isso que os livros servem. Adorei a resenha e com certeza já anotada a dica.
ResponderExcluirBeijos