A Vida em Tons de Cinza {resenha}


Ruta Sepetys, 240 páginas, editora Arqueiro, 2011.

“Nós estávamos no fundo do oceano, mas ainda assim tentávamos alcançar o céu.”

     Lina Vilkas é uma lituana de 15 anos. Ela consegue desenhar extremamente bem que é aceita numa escola de artes da capital. Mas todos os seus sonhos são arrancados quando, num dia, a polícia secreta soviética chega à sua casa. Lina e sua família tem exatamente 20 minutos para arrumarem uma pequena mala.
     Ela, sua mãe (Elena) e seu irmão (Jonas) são separados de seu pai e jogados num trem que transportava ladrões e prostitutas. Passam fome e não fazem ideia do motivo pelo qual estão lá. Então, Lina conhece Andrius Arvydas , um garoto que assim como ela, é de cabeça dura e não se sujeita facilmente ao que a NKVD manda. Então chegam ao Campo de trabalho de Altai e lá são obrigados a trabalhar para garantir um pequeno pedaço de pão, por dia.
     As condições são precárias e para conseguirem um pouco de lenha, beterraba e batatas é preciso pôr a vida em risco e roubá-las. Andrius e Lina vão se conhecendo mais. A mãe do garoto é obrigada à se prostituir para os homens da NKVD que estão ali, para não o matarem.
     Muitas coisas acontecem. Mortes, sofrimento, trabalho, humilhação. Mas a esperança, a fé e o amor os levam à acreditar que as torturas do governo de Stalin acabará e eles poderão voltar à ter a mesma vida que tinham antes de toda essa tragédia acontecer.

“Durante aqueles períodos de silêncio, eu me agarrava a meus velhos sonhos. Era sob a mira de uma arma que eu abraçava todas as esperanças e me permitia desejar do fundo do coração. (...) Fugíamos para uma imobilidade bem dentro de nós. Ali encontrávamos força.”

     Gosto muito de livros de guerra, mas não li muitos. Se não me engano, este é o terceiro. Sempre aprendo muito sobre o que aconteceu no passado, por meio dessas leituras. E tudo é tão real... Muito melhores que as aulas de História (que, por acaso, são minhas preferidas).
     A Vida em Tons de Cinza é uma outra parte do nazismo. Uma que eu ainda não conhecia tão bem quanto a de Hitler. Ainda não havia lido muita coisa à respeito das barbáries de Stalin, mas fiquei assustada com tanta violência, com tantos atos inúteis e sem coração... Lituânia, Letônia e Estônia. Três países relativamente pequenos, mas que sofreram extremamente nas mãos desse terrorista.
     Depois de ler milhares de resenhas positivas desse livro pela internet (e principalmente essa aqui do blog Dreamer Like Me), eu pedi meu exemplar à editora Arqueiro. Não imaginava que fosse tão tocante assim, de verdade. É uma história tão linda... Simples, pura, triste, verdadeira. Senti muitos sentimentos enquanto o lia. Raiva, amor, ódio, compaixão. Quando um livro consegue mexer tanto comigo, como este conseguiu, ele se torna muito especial. Odiei cada pedacinho de Kretzky (mas ele me deixou confusa algumas vezes), Komorov e Stalin. Amei cada pedacinho de Lina, Andrius, Janina, Elena, Jonas e o Dr. Samodurov (que foi um anjo, pra falar a verdade). A Vida em Tons de Cinza foi uma das minhas primeiras e melhores leituras de 2013. Me apaixonei pelo romance de Lina e Andrius. Muito puro, muito verdadeiro.
     Uma leitura mais que recomendada! Uma leitura obrigatória! Aposto que quem ler, não vai se arrepender nem um pouquinho... É uma grande aula de História, mas ainda melhor (e saibam que para mim, poucas coisas são melhores que aulas de História, rs)!

“Enconstei minhas luvas em suas bochechas. Puxei seu rosto em direção ao meu e o beijei. Seu nariz estava gelado. Seus lábios estavam morno e sua pele tinha cheiro limpo. Senti um frio na barriga. Recuei, olhando seu rosto bonito, e tentei me lembrar de como se fazia para respirar.”

Krasivaya.

25 comentários:

  1. Que lindo!!! *-*

    Beijo,
    www.estanteseletiva.com

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  2. Esse livro está na minha wishlist há um tempinho, mas não tinha procurado saber mais sobre ele, então meu conhecimento se limitava a sinopse x) Sua resenha esclareceu váárias coisinhas pra mim e me deixou com mais vontade de lê-lo, principalmente por se assemelhar um pouquinho/ter o cenário do nazismo como em A Menina Que Roubava Livros.
    Ah! Aproveitando, tem um meme "Onze coisas sobre mim" lá no blog pra você :D

    Beeijos
    Bel
    http://cha-depalavras.blogspot.com.br

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  3. Quero muito esse livro, muito mesmo.
    Talvez seja o meu pedido de livro para mês que vem da Arqueiro.
    Sua resenha passou realmente o que se trata na história.
    Um livro delicado.

    beijos.
    www.intheskyblog.blogspot.com.br

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  4. Já pensei muitas vezes em pedir esse livro, mas tive medo de não curtir... Pois é, a história se passa na guerra e tal...
    Talvez seja a hora de dar uma chance a ele, fiquei animada com sua exclamação ao livro!

    Beijokas, florzinha :)

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  5. Oi Amandinha, tudo bem flor?
    Acho que isso é coisa de Amanda porque amava minhas aulas de história, e amo livros que tenha um fundo histórico por trás. Esse livro parece ser incrível. Essa parte da história sempre me fascinou e assustou sabe? Esse livro parece ser incrível, e já coloquei na minha lista de desejados.
    Abraços,
    Amanda Almeida

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  6. Oi Amanda ;)
    Ah como eu quero ler esse livro!
    Eu tenho ele aqui e minha irmã já leu e amou, mas por algum motivo misterioso eu ainda não li ;(
    Depois da sua resenha estou colocando ele em minha meta desse ano!(desse ano não passa!)Tbm adoro histórias de guerra, principalmente da segunda guerra mundial!(não sei pq, afinal sempre choro quando encaro essa realidade triste que foi o nazismo).
    Parabéns pela resenha!

    Tem post novo lá no blog, quer ler?
    Desde já obrigada!

    Fallen In Me
    - PatyScarcella

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  7. AMO, AMO, AMO esse livro. Um dos favoritos do ano de 2011 e de toda a minha vida. Um livro transbordante de emoção, de sentimentos. Único!

    Lendo sua resenha, me deu uma vontade de reler essa obra espetacular, rs. :)

    João Victor, Amigo do Livro
    http://amigodolivro.blogspot.com.br/

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  8. Quero muito ler. Desde que li a primeira resenha.

    Beijos,
    Carissa
    http://www.artearoundtheworld.blogspot.com.br/

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  9. Oi, Amanda!
    Minha tia me deu esse livro de presente e não vejo a hora de lê-lo. Amo história principalmente quando ela se passa na Segunda Guerra e olha que eu ainda não comecei a estudar essa temática por completa. ^^ É bom saber mais sobre o aconteceu nessa parte da história, pois na maioria das vezes quando ouvimos falar em nazismo pensamos logo em Hitler e esquecemos que também teve Stalin.

    Abraços.
    Entre Livros e Livros.
    http://musicaselivros.blogspot.com.br/

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  10. Eu li esse livro mês passado. E eu concordo em tudo o que você disse, esse livro é incrível, de todas as formas, ele mexeu comigo de um jeito inexplicável.
    my-history-restarted-again.blogspot.com

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  11. Gostei bastante da resenha, vou procurar comprar e ler.

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  12. Também considerei A Vida em Tons de Cinza uma das minhas melhores leituras desse ano (na verdade todos os doze livros já lidos em 2013 foram lindos... Mas o da Ruta é tocante demais). É simplesmente inexplicável o que eu senti lendo esse livro... Fantástico.
    Ah, e eu esqueci de colocar a foto no último post... Desculpa=/
    Beijos♥
    http://menina-do-sol.blogspot.com/

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  13. Olá Ana, gosto muito do teu blog, aqui é tudo 'sem frescura', ótimo, e é a primeira vez que eu comento.

    Eu comprei este livro para 'fechar' o preço de uma promoção no Submarino e nem sabia o que esperar.

    E no fim gostei tanto do livro, aprendi História de países diferentes e fatos que nunca me ensinaram na escola.

    Até já troquei e-mails com Ruta e ela está lançando um livro novo (em inglês. )

    Abraço de Luz e Paz do interior de SP

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  14. Oi, tudo bom?
    Obrigada por comentar lá no blog,estou retribuindo sua visitinha.
    Maravilha resenha, adorei, ainda não tinha a ouvido falar desse livro, mas parecer ser muito bom, espero um dia pode ler.
    Beijos*-*

    Território das garotas
    @territoriodg
    http://territoriodascompradorasdelivro.blogspot.com/

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  15. Boa tarde Amanda,

    Esse livro é fantástico, li e resenhei ele no blog e esta entre os meus favoritos...parabéns pela resenha...abçs.


    http://devoradordeletras.blogspot.com.br/

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  16. Adoro livros que tem fatos históricos, eu também amo história de todo o meu coração, aprender com o passado é bom demais.
    O que eu mais gosto na história mundial é a Segunda Guerra, foi um episódio triste, mas é tão legal estudar sobre tudo o que aconteceu naquele período.
    Com certeza esse livro vai entrar na minha lista de desejados, já tinha visto ele no Submarino, mas nunca tinha prestado atenção.
    Valeu a dica, beijos.

    Gustavo Valim
    Jantando Livros
    http://jantandolivros.blogspot.com.br/

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  17. Já li alguns livros de guerra, tanto do ponto de vista da luta mesmo quando dos sobreviventes do holocausto. Sinceramente me deixam sempre muito triste e depressiva.
    Não gosto muito de coisas realistas, leio para "fugir" do mundo e quando a leitura é assim é difícil "fugir". Mas ás vezes leio um do gênero, bem de vez enquanto, depois que esqueço da tristeza do anterior.
    Arquiteto do Esquecimento foi o ultimo que li, não sei se foi ano passado ou retrasado já, mas ainda não estou com coragem para pegar outro para ler. Mesmo assim a história parece ser bem bonita, talvez lhe dê uma chance :)

    Ótima resenha ^^

    Beijos
    Marta
    As Palavras Fugiram

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  18. Já vi muitas resenhas positivas desse livro mas não tenho em ler olivro por enquanto. Eu também adorava aulas de história, cheguei a pensar em cursar isso na faculdade mas não sirvo para dar aulas, kkk.

    Érica Martins
    Espiral dos Sonhos

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  19. Uau, a capa do livro é linda demais ! Adorei a sinopse. Com certeza irei comprá-lo para ler em breve ;)

    Adorei a resenha e o blog, parabéns ;)

    booksandmoviesandthings.blogspot.com

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  20. Amanda, eu também NECESSITO ler ele. E já o tenho faz um tempinho hein. Eu adoro livros com temática militar, tipo A Menina que Roubava livros. São ótimos !!! Adorei a resenha!
    Beijos
    http://descobrindolivros.blogspot.com.br/2013/02/eu-li-ate-pagina-cem-e-3.html
    Atualizado. Comenta?

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  21. Oi, ainda não li esse livro, mas parece que é bem legal. Gostaria de ler.
    Beijinhos no coração e um ótimo final de semana para você.
    http://marlicarmenescritora.blogspot.com.br/

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  22. Oi, tudo bom?
    Maravilhosa resenha, o livro parecer se bom mesmo, ainda não li ele, mas sua resenha já me deixou com vontade para ler.

    Território das garotas
    @territoriodg
    Bjss *-*
    Passa lá no blog?
    http://territoriodascompradorasdelivro.blogspot.com/

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  23. Pois não. Cá me vou sem ver as abelhas, Nem a rapariga Interstelar

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  24. Olá Amanda,

    descobri seu blog ao pesquisar sobre Ruta Sepetys. Pela sua descrição você é mais nova que meus filhos gêmeos, de 20 anos. Sempre fico muito feliz em encontrar jovens que tenham paixão pelos livros, pela vida...

    Sim, a nossa realidade é muito dura e infelizmente a História que nos é ensinada na escola apenas delineia levemente o que de fato ocorreu. Se quisermos saber mais temos de buscar outras fonts, bons livros por exemplo.

    Joseph Goebbels, um dos ideólogos do Nacional-Socialismo alemão, dizia que uma mentira contada mil vezes torna-se verdade.

    Da mesma forma, Stalin, acreditava que aquilo que não se podia provar jamais teria acontecido. O sanguinário líder soviético pode ter matado entre 20 a 22 milhões de pessoas, e boa parte deles o mundo soube décadas depois.

    Apesar de não ser russo, Stalin era natural da Geórgia, ele participou ativamente da Revolução Russa, tomou o poder logo após a morte de Lenin e mergulhou a Rússia, e as nações satélites que compunham a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, numa era de terror, fome, dor e morte.

    As atrocidades alemãs nos campos de concentração nazistas são muito conhecidas e bem documentadas. Muito disso se deve ao metódico e organizado povo alemão, eles registraram tudo, inclusive horas e horas de filmes com imagens dos campos.

    Entretanto, Stalin estava certo de que se ninguém soubesse nada daquilo teria acontecido. Não existem imagens nem filmes dos campos de concentração stalinistas. Os campos soviéticos, os gulags, são em retrospecto, muito, mas muito mais terríveis que seus congêneres alemães.

    Sem falar que foram em maior número, duraram décadas e abrigaram durante sua existência muito mais pessoas. Estimativas recentes dizem que 18 milhões de pessoas passaram pelos gulags soviéticos apenas entre 1929 até a morte de Stalin, em 1953.

    É comum pensarmos que os nazistas inventaram os campos de concentração. Não é verdade. Os primeiros rudimentos de campos de prisioneiros montados por um governo ou um país para abrigar minorias e opositores do regime foram os campos da Rússia czarista, ainda no século XVII. Para se ter uma idéia, a primeira menção a pena de degredo na legislação russa data de 1649.

    Pouca gente sabe que em 1838 os Estados Unidos criaram campos para seus índios que ainda resistiam a morar nas reservas definidas pelo governo. Norte-americanos não gostam de falar sobre isso.

    (continua...)

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  25. (segunda parte)

    O termo campo de concentração surgiu do espanhol "reconcentración". O império da Espanha aprisionou insurgentes na colônia de Cuba em 1895, visando "reconcentrar" os camponeses, privando-os de abrigo, comida e apoio externo.

    Durante a Guerra dos Bôeres, 1899/1902, os ingleses criaram os primeiros "concentration camp" na África do Sul. Depois houveram campos na I Guerra, na II Guerra e essa prática vil se espalhou pelo mundo.

    Já que o tema a interessou gostaria de indicar algumas leituras.

    Como obra de não-ficção, recomendo talvez o melhor livro já escrito sobre o tema: "GULAG - Uma História dos Campos Soviéticos" de Anne Applebaum. Uma obra monumental de 800 páginas, ganhadora do Pulitzer de 2004. Livro raro no Brasil, você encontra nos sebos da Estante Virtual.

    Na ficção a obra essencial sobre o gulag são os "Contos de Kolimá", de Varlam Chalamov. São 6 volumes, por aqui saiu apenas o primeiro, pela editora 34. O próprio autor viveu nesses terríveis campos na Sibéria e seus contos retratam o que ele viu e sofreu. É uma leitura forte, ainda mais pesada que o livro de Ruta. Mas é essencial ler Chalamov.

    Outro livro recomendável é "Arquipélago Gulag" de Alexander Soljenitsin. Igualmente o autor esteve preso nos campos.

    Antes deles, Dostoiévski, passou 4 anos degredado nos campos czaristas da Sibéria. Sua experiência está no ótimo livro "Recordações da Casa dos Mortos"

    Me perdoe, acabei me alongando demais, me empolguei... kkkkk

    Amo História, literatura, livros e falar disso é sempre estimulante. Tenho um pequeno e modesto blog, onde escrevo pouco, mas tem umas coisas legais lá, desde já a convido para dar uma passada lá...

    http://natrincheiradofalcon.blogspot.com.br

    Parabéns pelo blog e pelos ótimos textos.

    Boas leituras...

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Ei, obrigada! :)

-Retribuirei seu comentário!