Entrevista {premiada} com escritor - Evandro Raiz Ribeiro

[Evan.gif]Entrevistei Evandro Ribeiro, um dos escritores parceiros aqui do blog e que publicou Não Deixe o Sol Brilhar em Mim (resenha aqui). 
-E para os que comentarem (nada de "legal" ou "gostei") nessa resenha e deixarem seu e-mail + nome de seguidor do blog, concorrem a um marcador autografado! ;D
> Resultado dia 27/08.


1. Para iniciar: Quem é Evandro Raiz Ribeiro?
Um nordestino natural de Recife, que passou sua infância entre os estados de Pernambuco, Paraíba e Alagoas. Aos 13 anos fui para Santo André no ABC paulista Cidade onde encontrei pessoas maravilhosas, uma segunda família e muitos amigos. Em 1992 vim ao Japão a trabalho e me encontro até hoje, nesse período não voltei ao Brasil nenhuma vez, o que pretendo fazer em breve.
Sou uma pessoa pacífica, mas não levo desaforos para casa. Não deixo para amanhã o que posso fazer agora; Quando desejo algo, ou pretendo fazer algo, dou o máximo de mim para concretizar esse desejo “agora” ou o mais rápido possível. Não gosto de injustiças e também me esforço para não cometê-las; não sou adepto do “levar vantagem em tudo” e não gosto de quem o é; perco a piada, jamais o amigo.

2. O que você sente ao ver seu livro tão bem comentado pelos blogueiros?
É claro que é muito bom ter o nosso trabalho comentado, isso significa que de alguma forma valeu a pena o esforço empreendido. É claro que nesse contexto colocamos nosso trabalho à prova e vai existir quem goste e quem não goste o que é uma coisa natural. Mas seria interessante se as pessoas avaliassem o que fizemos pelo que ele é e não pelo que as pessoas gostariam que fosse, porque já está concluído e não vai mudar. É como no futebol, principalmente em se falando de seleção brasileira, cada pessoa é um técnico e tem uma fórmula para que a seleção seja infalível. Escrevi ‘Não Deixe o Sol Brilhar em Mim’ depois de assistir a “Let the Right One in” e eu quis contar uma história de vampiros à minha maneira.  Não que o filme tivesse algum ponto ruim, de forma alguma, o filme é uma obra prima baseado em um livro também espetacular; tem seus defeitos, por causa do baixo orçamento, como: falha de interpretação do pequenos atores novatos, mais muito bons; falha de edição, que parece que fica faltando alguma coisa; falha de continuação, e por aí vai. Mas, nada disso tira o mérito do filme, que para mim tem pontuação máxima e considero o melhor filme de vampiros que assisti.

3. Pretende publicar mais livros? Se sim: com o tema sobrenatural?
Claro que pretendo continuar escrevendo e publicando, tenho vários planos em mente, alguns longe do tema sobrenatural e outros totalmente dentro dele. Não gosto de continuações, trilogias, séries; nada contra os livros que seguem essa linha; o que não gosto, é que as pessoas tendem a querer saber mais sobre a história que escrevemos, e o autor fica com a incumbência de sempre se superar, o que para mim foge de poder escrever por prazer. As pessoas que tanto desejam ler a continuação de um livro serão as primeiras a criticar qualquer deslize em relação à primeira história e isso é difícil de não acontecer. Tenho recebido muitos pedidos de pessoas que gostariam de saber o que acontece com Dennis e Valquíria depois do primeiro livro, confesso que não me passa pela cabeça fazer continuação alguma da história, mas isso não quer dizer “não farei de forma alguma”, vou analisar com carinho depois que mais pessoas tiverem lido.

4. Defina em uma palavra o ato de escrever.
Sonhar.   Sonhar acordado, escrevendo eu posso tudo, eu sou o criador do meu próprio mundo. Antigamente eu via os grandes escritores que admiro como pessoas super especiais, algo assim como os deuses que estão em um panteom de imortais. Mas hoje eu mesmo escrevi um livro, e sou exatamente o que era antes nada de mais ou de menos. Isso não significa que eu subi ou que meus ídolos desceram, mas que esses ídolos também foram pessoas como eu e que suas obras tiveram o poder de transformá-los, de levá-los além do limite de simples pessoas que passaram por este mundo. Espero que um dia, o trabalho que fiz, possa ter nem que seja um pequeno significado.

5. Ao escrever Não Deixe o Sol Brilhar em Mim, o que você buscou passar para os leitores?

Não querendo de forma alguma criticar a crença que cada um possa ter, desde muito criança sempre discordei de alguns conceitos que a grande maioria das pessoas têm de que, pelo fato de sermos  da raça humana temos  privilégios especiais. Escutava sempre uma frase que me incomodava que era: “se deus quiser tal coisa vai acontecer”, mas essa frase era dita de uma forma implícita que a tal coisa aconteceria infalivelmente. Outro ponto é o de algumas pessoas acreditarem que na hora “H” tudo se resolverá, virá uma força desconhecida, não se sabe de onde (do céu talvez), e resolverá todos os seus problemas. Eu acredito na lei de Murphy, que não é lei de forma alguma é uma simples questão lógica, em que “Se alguma coisa pode dar errado, invariavelmente vai dar”. Portanto, nada está garantido até se concretizar e até o último minuto não devemos baixar à guarda.  Na minha história às vezes coisas ruins acontecem a boas pessoas e às vezes também, se paga o pato sem ter exatamente culpa, porque isso também acontece na vida real por mais que as pessoas queiram afirmar o contrário.
O meu livro conta a história de dois pré-adolescentes, e apesar de que eu já tenha 49 anos, um dia também estive nessa fase. Escutei de algumas pessoas que leram o meu livro, que tal coisa não faz parte do que um pré- adolescente vivencia no seu dia a dia, que a relação entre as personagens Valquíria e Dennis está muito avançada para a idade que ambos têm. Mas, será verdade mesmo? Será que existe um padrão? Que de tal idade até tal idade só se pode ter determinadas experiências e o amor é coisa que só acontece para quem está mais amadurecido? Mas, e quando se dá esse amadurecimento no ser humano? Quando ele faz 18 anos? Eu discordo completamente de padrões e rótulos, está minha história é uma ficção, porém escrevi sobre fatos e experiências que aconteceram comigo e ao meu redor. Cada pessoa tem uma história única, e por mais que se queira padronizar o comportamento das pessoas isso só acontece teoricamente. Alguns vão ser eternas crianças, outros muito cedo terão que decidir suas vidas; alguns sentirão muito cedo aquele fogo da paixão que nos consome, o primeiro amor, o primeiro beijo, a primeira transa; Já com outros isso virá muito mais tarde.
Resumindo, quis transmitir através de minha história, que nunca é cedo ou tarde demais para nada nesta vida. Esteja preparado, porque a vida não é um mar de rosas existem muitos espinhos e pedras e ainda bem que existem, pois assim teremos muitas experiências enriquecedoras e nossa vida não será apenas uma mesmice enfadonha. Tudo vale a pena.

6. Não Deixe o Sol Brilhar em Mim causou certa polêmica, em que acusaram o livro de ser um plágio do filme: Let the right On in. Poderia nos explicar um pouco mais sobre isso?
Li alguns comentários em blogs que meu livro se parecia com “Let The Right One In”, e teve até uma pessoa, que depois se retratou, acusando-me de plágio descarado.  O interessante de tudo isso é que nenhuma dessas pessoas leu meu livro, então como podem afirmar tão veementemente tal coisa sem saber? É fato que escrevi meu livro após ficar maravilhado com o filme do Diretor Tomas Alfredson, baseado no livro de John Ajvide Lindqvist, e conto isso nas primeiras páginas do meu livro na nota do autor. Além disso, falo sobre esse pormenor em várias entrevistas e em muitos comentários que fiz na blogosfera.  Eu usei o tema do filme (e do livro em que foi baseado) que é o encontro de um garoto que sofre bullying familiar e na escola, com uma garota que é um vampiro. Usar um tema não é plágio, o que importa é o que foi escrito e no meu caso não tem uma linha sequer da história contado no filme. Dando um exemplo, se derem como tema para um livro a vida do Ex- presidente Lula, teremos várias sinopses dos livros escritos praticamente idênticas, pois a vida do ex-presidente é única. Então poderíamos taxar cada livro sobre a vida de Lula como cópia ou plágio apenas lendo a sinopse?  Outro ponto é que achei a criação do vampiro de John Ajvide Lindqvist, simplesmente fantástica e inovadora. É claro que sempre gostei do típico vampiro clássico, mas ultimamente esse tema estava muito batido e sem novidades, aliás, com novidades que não me agradavam de forma alguma. O vampiro de John A. Lindqvist na forma de uma criança, uma garota, totalmente desprovida de poderes especiais, sem nenhum glamour, apenas com uma fome insaciável e levando uma vida miserável; foi a coisa mais inovadora que há sobre o tema. Se eu fosse escrever uma história de vampiros, meu vampiro tinha que ter essas características que achei demais. E isso também não é plágio ou cópia, Bram Stoker escreveu Drácula e depois disso muitos autores criaram seus personagens como uma vírgula de um conde vampiro, ou com as mesmas características. Alguns com características diferenciadas, mas também vampiro e até com o mesmo nome ou com uma variação dele como é o caso do anime Hellsing Alucard em que o autor inverteu o nome Drácula e adicionou o Hellsing do caçador de vampiros da história clássica em um vampiro que não tem nada a ver com o Drácula original. Digo apenas para quem ler meu livro que depois assista ao filme, ou melhor, se puder ler o livro “Let The Right One In” então vai tirar suas próprias conclusões e verá que uma história nada tem a ver com a outra.

7. O tema: vampiros acabou caindo no clichê ultimamente. Como você conseguiu escrever sobre eles de modo totalmente inovador e cativante?
Escrevi “Não Deixe o Sol Brilhar em Mim” porque o tema “vampiro” sempre me fascinou desde a mais tenra idade. Então escrevi porque era uma coisa que gostava e não porque era época de escrever sobre vampiros, não vou escrever sobre “Anjos e Zumbis” porque agora é o momento adequado. Talvez, por força de pressão do mercado editorial, alguns escritores escrevam sobre encomenda ou com tendências. Eu não sei se conseguiria fazer isso, pois já é muito difícil escrever sobre algo que gosto, imagine escrever sobre algo que não me interesso de forma alguma. Acho que clichês e tendências quem formam são os mesmos criadores de padrões e rótulos, e como falei anteriormente não me identifico com isso. Pode-se tranquilamente escrever ou falar sobre um tema muito batido de forma completamente nova, porque o que importa não é o tema em si, mas o que se escreve.

8. Qual foi a etapa mais difícil de escrever Não Deixe o Sol Brilhar em Mim?
Escrever em si, não é difícil de forma alguma, é, posso dizer assim, muito gratificante. O que é ruim é depois fazer a revisão do que se escreveu. Eu escrevo por impulso, porque quando a inspiração chega tenho que escrever o que estou sentindo imediatamente para não perder o fio da meada. Como “Não Deixe o Sol Brilhar em Mim” foi o meu primeiro trabalho sério, ainda não tinha nenhuma experiência em escrever textos tão longos e que deveriam ter uma trama para se desenvolver. Por isso, escrevia até concluir toda a ideia. Eu tenho um conhecimento mediano sobre gramática e não sou nenhum expert no tema e também não tenho formação acadêmica. Mas sei reconhecer erros de concordância, as mais variadas formas de redundância e outros. O meu maior defeito com certeza está nas vírgulas, pontos e vírgulas, pontuação em geral.  Li alguns comentários em blogs que leram meu livro que um pouco mais de atenção resolveria uma grande maioria de erros bobos. Eu também acho fácil, erros nos textos que outras pessoas escrevem, e acho que tive um pouco de atenção sim ao escrever meu livro, que o diga as mais de 120 atualizações de arquivo feitas no Smashwords que distribui meu livro em formato digital para vários sellers importantes como a Apple Store, Barnes and Noble, Sony e outros. Como disse, é fácil achar erros nos textos dos outros, agora quando somos nós mesmos que escrevemos e como no caso um livro completo, existe um pequeno detalhe que as pessoas desconhecem, como no meu caso que sou o autor do livro e vou eu mesmo fazer a revisão gramatical de alguns trechos. A ideia inicial é fazer a revisão gramatical, mas assim que os olhos caem no texto, você começa a achar vários pontos que gostaria de mudar, no cenário, nos diálogos, na trama e por aí vai. Tem uma cena do livro que quem leu vai lembrar, quando Valquíria e Dennis são atacados depois da volta do parque de diversão; essa cena eu reescrevi umas vinte vezes, porque toda vez que chegava nela para revisar o texto, sempre acabava dando uma modificada geral no cenário. Acho essencial o trabalho de um profissional de revisão e é por isso que eles existem. Gostaria muito de ter enviado o livro da edição do autor já revisado e diagramado para os blogs literários que o receberam, mas as pessoas não sabem o quanto custa esse tipo de trabalho, e ainda bem que não gastei, pois agora o livro já está no formato que deve ter.

9. E para fecharmos com chave de ouro: gostaria de dizer algo aos nossos leitores?
Há exatamente uns dois anos, eu ainda achava que o Brasil era um país onde as pessoas tinham pouco hábito de leitura. Depois que escrevi meu livro e comecei a tomar conhecimento do universo dos blogs literários, comecei a pensar diferente, mesmo que no Brasil poucas pessoas tenham o hábito de ler, isso já está mudando. Eu desde criança sempre li muito, e apesar de ler muitos autores estrangeiros, nunca deixei de ler os autores nacionais. É comum ler em comentários nos blogs, pessoas falando que ficaram impressionadas ao ler um autor nacional e descobrir que aqui também existem bons livros. Isso não é novidade, muitos autores brasileiros são consagrados lá fora, só aqui as pessoas dão pouco valor. Talvez um ou outro não escreva o gênero que apreciamos, mas sempre vai haver histórias para todos os gostos. Alguns leitores não acham atrativo histórias que se passem no Brasil ou que tenha personagens brasileiros. Mas acho que isso é um pormenor insignificante, o Brasil tem ótimas paisagens que dão boas histórias seja lá qual for o gênero. Quanto aos nomes das personagens, eu conheço poucas pessoas que tenham nomes indígenas, o que significa que a maioria tem nome estrangeiro não é mesmo? Além do que uma personagem com nome indígena até que teria um certo charme. Algumas pessoas criticaram a personagem do meu livro se chamar “Dennis”; porque o nome com dois “enes” já que a personagem é do Brasil?  Ora, o nome poderia ser qualquer um, já que existem muito poucos nomes próprios exclusivamente nacionais. Agora, Dennis com dois “enes” é uma pequena e velada homenagem ao meu povo nordestino. Talvez a maioria das pessoas não saibam, mas o nordestino era propenso (pelo menos na minha época) a florear e embelezar o nome dos filhos, e “Denis” com apenas um “ene” ficaria muito pobrezinho, sem nenhum atrativo, já com dois “enes” a coisa  muda completamente de figura. Rsrs!

10. Obrigada por aceitar a entrevista. Espero vê-lo mais vezes aqui no Primeiro Livro!
Eu é que agradeço e espero poder contar sempre com seu apoio, muito obrigado.

11 comentários:

  1. Super legal, a maneira que ele reage as perguntas, eele parece ser bastante simpático.

    willianiuri@hotmail.com
    Willian Iuri

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  2. Super Afim de ler o livro "não deixe o sol brilhar em mim"
    Adorei a entrevista!
    Parabéns!!
    Beijos
    Brih
    Meu Livro Rosa Pink

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  3. Já ouvi falar desse livro!
    Várias resenhas positivas.
    Adorei a entrevista, procurar ler esse livro.
    Beijinhos

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  4. Adorei a entrevista, ficou bem legal!
    É mto dificil encarar isso de plágio mesmo, que bom que ele encarou de forma tão profissional! Gostei =D
    Não tinha ouvido falar do livro, mas me interessei!

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  5. Gostei da entrevista do Evandro Ribeiro, especialmente deste trecho: "É comum ler em comentários nos blogs, pessoas falando que ficaram impressionadas ao ler um autor nacional e descobrir que aqui também existem bons livros."

    Há bons livros em todas as partes do mundo, com certeza! É questão de descobri-los...

    ;)

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  6. Já ouvi falar do livro também e adoreei a entrevista ;D

    Beijoos;*
    Naty - Just Books !

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  7. Tenho parceria com o Evandro tbm e ele é muito gente boa...
    Sempre deixa a gente informado e sempre faz alguma promo nova e o mais importante, pede nossa opiniao..

    Parabens pela entrevista, escolheu otimas perguntas.


    Bjs

    glau.gsilva@sigmanet.com.br
    nome seguidor: glau

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  8. Oi, primeira visitinha aqui!
    Adorei seu blog e pretendo ficar vindo comentar!
    Te seguindo, me segue também!
    http://territoriodascompradorasdelivro.blogspot.com/
    bjsss *-*

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  9. Queria ressaltar que seu blog é muito completo.

    Acho que esse autor, que infelizmente ainda não tive a oportunidade de conhecer, mergulha na própria imaginação criando respostas tão diferentes e repletas de detalhes que nos faz imaginar todo o trabalho que teve.
    A parte da edição gramatical foi muito bem escrita por ele, nós que escrevemos apenas pequenos contos sempre caímos nisso, sempre queremos aperfeiçoar mesmo que não consigamos isso. É como a vida tentamos e tentamos, porém raramente conseguimos mudar alguns detalhes que nos prendem tanta atenção.

    E sim Evandro existe um pequeno detalhe que as pessoas desconhecem. (risadas)

    Ótima entrevista.

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  10. O Evan é um cara super legal, mesmo e o livro dele aguça minha curiosidade a cada nova divulgação qeu faze sobre o livro assim como essa que estou vendo agora.

    Eu apoio as entrevista que é um meio super bacana de conhecer como é a visão do autor elas são super legais mesmo.

    Bijos

    Cassia
    Cassia_rock_girl@hotmail.com

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  11. Parabéns pela entrevista, adorei o livro do Evandro, muito sucesso para ele. Bjs, Rose.

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Ei, obrigada! :)

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