Entrevista com escritor - Stephen Play


Stephen Play é brasileiro, cerca de 50 anos de idade, graduado em engenharia, 
com mestrado em sistemas de informação. Reside atualmente em Florianópolis.
Consegui fazer uma entrevista com o escritor da série: "ERAS"! Espero que gostem e comentem!

Quais são suas fontes de inspiração?
As principais fontes de inspiração são minhas vivências – experiências de vida. Toda a minha história, com meu aprendizado, meus erros, minhas quedas e ascensões, tudo isto é a argila com que modelo meus textos. Existem outras fontes externas – não por isto menos importantes – que também influenciam o que escrevo. São escritores, filósofos e pensadores que deixaram marcas em meu modo de pensar e, consequentemente, de me expressar. Citarei os que foram importantes na concepção da série “ERAS”:
Doris Lessing é uma escritora nossa contemporânea, nascida na antiga Pérsia, hoje Irã, que vive atualmente em Londres. Recebeu o prêmio Nobel de Literatura em 2007. Escreveu uma pentalogia chamada “Canopus em Argos – Arquivos”, que causou polêmica na comunidade literária por se tratar de uma ficção espacial, como ela a denominou, nos anos 1980. É um texto revelador e premonitório que vale a pena ser revisitado.
Rudolf Steiner foi filósofo e criou da Antroposofia. Autor de uma vasta obra, ainda não totalmente traduzida para o português, influenciou diversas áreas do conhecimento moderno, da agricultura à educação, das artes à medicina. Sua maior contribuição, a meu ver, é a série de livros em que reescreveu alguns textos bíblicos à luz da pesquisa intuitiva e clarividente. Ele refez os quatro evangelhos canônicos – Mateus, Marcos, Lucas e João –, engendrou “O Quinto Evangelho” e nos esclareceu “O Apocalipse de João” – texto profético e velado que intrigou a humanidade por séculos.
Helena Petrovna Blavatsky foi teóloga e prolífica escritora russa. Criou a Teosofia, um movimento que persiste até hoje, e sua grande obra, a que ficou para a posteridade, foi “A Doutrina Secreta”, um calhamaço intransponível publicado em seis volumes. Reza a lenda que o sétimo, derradeiro e mais importante volume, foi-nos negado por sua morte prematura. O texto de “A Doutrina...” é codificado quase que em sua totalidade, mas vale a pena garimpar suas montanhas para encontrar preciosos diamantes – todos revelando aspectos insólitos da trajetória humana neste planeta.


Ser escritor é o mesmo que ser autor?
Penso que sim. Parece-me que, na grande maioria das situações, a figura do escritor e do autor são coincidentes, são a mesma pessoa.
A denominação “escritor”, porém, pode ser mais ligada ao sujeito que escreve, ou seja, aquele encarregado do ato de escrever – que podemos entender também como a pessoa que digita um texto. A palavra “autor” pode ser associada à criação em si, a ideia original que depois se materializa em palavras escritas ou impressas. Um exemplo de dissociação destes personagens é o escritor fantasma – o popular ghost-writer. Uma pessoa – o autor – tem uma história, mas não domina a técnica literária; entra em cena o escritor fantasma, que ouvirá, fará perguntas e escreverá a obra. Temos, neste exemplo, uma separação nítida entre as figuras semânticas.
Reitero, porém, que as palavras “escritor” e “autor” podem ser usadas como sinônimos sem prejuízo do idioma e da coerência.

 A importância que os livros têm em sua vida é grande?
Sim. Os livros foram e são parte importante de minha existência, principalmente por serem um dos meios mais eficientes de transmissão de ideias, fatos e ensinamentos. O conteúdo temporário, ficcional ou não, – aquele que é importante apenas num determinado momento – é registrado e distribuído às pessoas pelos jornais e revistas. Quando um determinado conteúdo merece ser perpetuado ele é portado aos livros. Esta é uma visão idealizada do processo humano de transmissão de conhecimento e cultura através da palavra escrita.
Sabemos, contudo, que muitas coisas descartáveis estão ocupando páginas de livros e consumindo árvores desnecessariamente; também somos cientes de que muitos fatos e histórias relevantes sequer chegam a um periódico, quanto mais a um livro. Esta inversão de valores faz parte do crepúsculo desta civilização, que privilegia tudo que pode gerar dinheiro com rapidez e em quantidade – e em $eu nome se corrompe.


 Você consegue levar uma lição a cada livro lido?
Está cada vez mais difícil extrair uma boa frase ou uma expressão original dos livros de hoje – que diremos de uma lição, que é algo mais complexo.
Um bom livro – que classifico como intuitivo – é aquele que traz uma evolução, uma mudança ao leitor, em um nível além do mental. A pessoa termina de ler o livro e há um êxtase – que não é físico, sentimental ou intelectual. O leitor percebe que mudou, mas não consegue explicar claramente – porque o passo evolutivo foi sutil e abstrato. Isto pode acontecer quando se lê um romance, uma crônica, uma ficção científica, qualquer gênero, enfim. O “Evangelho Essênio da Paz”, de Edmond Szekely, foi um destes livros para mim. São raros.
Alguns livros – os mentais – nos trazem um aumento das faculdades intelectuais: são os compêndios que transmitem conhecimento útil. Ao lê-los temos uma evolução mental, nos tornamos mais inteligentes, hábeis e eruditos. São livros necessários e importantes, desde que não nos tornemos soberbos, orgulhosos de saber mais que os outros. “Um Curso em Milagres”, da Foundation for Inner Peace, é um destes livros. Ele foi escrito para ensinar à nossa mente um conceito simples: “A culpa não existe”. Ao longo de suas 721 páginas o texto trabalha o intelecto humano para que aceite e passe a funcionar com esta nova premissa.
Outros livros – que chamo de emocionais – exploram a carência sentimental que vive a sociedade atual, e saciam-na desse apetite. Não há evolução ou mudança positiva no leitor, apenas o aumento do apego às situações emocionais que levam, fatalmente, à inércia, ilusão, erros e sofrimento. Nosso corpo emocional é desprovido de discernimento e não serve de guia para nossa jornada na Terra. Consultando as mais recentes listas de livros mais vendidos teremos os exemplos: livros que exploram dogmas cristãos e os de elevado conteúdo romântico estão entre eles. Os mais perniciosos, entretanto, são os dirigidos ao público infantil e adolescente, por interferirem diretamente na formação das pessoas e deixarem sequelas muitas vezes permanentes. Existem séries que fazem a apologia da magia negra, mostrando um meio aparentemente glamoroso para se ter sucesso, poder e felicidade. São os mesmos métodos de seitas religiosas mostrados de uma forma palatável aos jovens. Este mesmo movimento, que doutrinou nossos pré-adolescentes com bruxaria, deu seguimento ao processo com séries de livros onde os heróis são vampiros e lobisomens. Os livros emocionais são sempre preenchidos por pseudolições de moral e ética, para que o leitor tenha a ilusão de estar crescendo e evoluindo. A verdadeira intenção destes livros pode ser lida apenas nas entrelinhas.
Existem, finalmente, os livros que denomino físicos, que são aqueles publicados para serem trocados por dinheiro. A pessoa lê o texto e não resta nada no dia seguinte. São caixas cheias de ar, como bem comparou o humorista norte-americano Jerry Seinfeld, falando sobre os programas atuais de TV: a grande maioria sem nenhum conteúdo aproveitável. Os exemplos desta categoria também são best sellers, e podem ser reconhecidos pela facilidade e rapidez com que se transformam em filmes de grande bilheteria.
 Mas, a despeito deste cenário aparentemente desanimador, existem, sim, livros que podem nos trazer boas lições evolutivas.

O que acha dos blogs e sites literários?
Os blogs e sites literários têm uma importante função a cumprir: informar aos leitores sobre os bons livros. Este papel era exercido antigamente por revistas literárias independentes, que orientavam sempre na direção da boa literatura. Temos hoje, preenchendo este vazio, as revistas das editoras ou livrarias – que são tendenciosas por promover seus próprios produtos comerciais. As revistas semanais também incluíram seções de livros, apresentando listas de mais vendidos e resenhas literárias. As de maior circulação publicam artigos nos quais ressaltam e valorizam tudo que venha da cultura Anglo-Saxônica (leia-se norte-americana), reiterando a postura brasileira de colônia. A morte de críticos de pensamento independente como Moacyr Scliar, por exemplo, contribuem para que cada vez mais esses artigos sejam direcionados e desprovidos de pensamento original.
Os blogs e sites literários podem mudar este cenário se se tornarem uma fonte de opinião original e independente. A expressão sincera da opinião do blogueiro sobre determinada obra é o grande motivo que transforma o leitor num seguidor. E como opinião é a parte mais importante, o blogueiro deve evoluir sempre no sentido de expressar seu ponto de vista de forma isenta, sabendo separar o que são suas predileções e gostos pessoais de uma análise mais racional do livro. É importante que haja a avaliação subjetiva – gostei, detestei etc. – mas é fundamental que sejam agregados argumentos fundamentando esta avaliação.
Este é um tipo de trabalho que deve se manter independente e imparcial, se quiser fazer alguma diferença na literatura brasileira. O maior perigo que percebo é que os blogs e sites tornem-se submissos às editoras e livrarias, sendo apenas um instrumento de propagação dos lançamentos comerciais. Se alguém está pensando em criar um blog apenas para receber livros de graça é melhor desistir: será um desserviço à literatura nacional.

Você coloca um pouco de sua essência em seu(s) livro(s)?
Sim, creio que é inevitável e que todos os escritores o façam.
Existe um conjunto de núcleos, ou corpos, que forma nossa personalidade, ou ego. Somos um corpo físico, mais um emocional, mais um mental. Cada um destes corpos guarda idiossincrasias, hábitos, manias, padrões e crenças – dos quais temos dificuldade em nos desligar. Podemos escrever um livro didático de matemática, por exemplo, e estaremos colocando nossas características de personalidade no texto.
Aprofundando um pouco mais, chegando próximos de um conceito mais preciso de “essência”, podemos dizer que colocá-la em nossos escritos é tarefa árdua. A essência de todos nós é nossa consciência, o núcleo mais elevado de nosso ser, onde temos a proximidade extrema com verdade, pureza e sabedoria. Poucos conseguem atingir este nível, pois antes dele temos de superar as grosserias dos instintos físicos, as fantasias das emoções e os dogmas da mente. Uma fortaleza praticamente inexpugnável.

De todos seus personagens, qual é o seu preferido (se é que existe apenas um)?
Gosto muito de Kuius, o tutor de Christian, mesmo sendo um coadjuvante na série. Ele é um personagem heroico e sábio, mas que ainda não superou algumas fraquezas – o que o torna próximos de nós, humanos, e o mantém distante dos mais poderosos pleiadianos – os “mocinhos” da saga “ERAS”. Ele sempre tem atitudes corretas, a orientação adequada para cada momento e está sempre pronto para auxiliar Christian quando existem dificuldades que não podem ser superadas por suas próprias forças.

O que é necessário para escrever um livro?
Um ideia interessante. Esta é a premissa de toda obra artística, não apenas literária. O argumento inicial que gerará um livro deve ser claro e conter algo original, nunca explorado antes. A partir desta ideia original – que deve caber numa sentença – pode-se desenvolver uma sinopse mais detalhada – que deve caber numa lauda. Esta sinopse se ampliará em capítulos e comporá o livro.
A técnica de escrita deve ser lapidada com o estudo do idioma (dicionários, gramática etc.), a prática (escrever textos e submeter a outras pessoas) e a leitura constante de bons escritores.

Quem mais o apoia na carreira de escritor?
Minha esposa, que é minha companheira de todos os momentos. A série “ERAS” é dedicada a ela, “que caminha ao meu lado”, como está expresso na dedicatória de “Despertar”.

Diga algo aos nossos jovens e futuros escritores!
Comece a escrever agora. Muitas vezes a ideia original emerge durante o processo mecânico de escrever, quando menos se espera. Enquanto estamos escrevendo – que deve ser uma atividade agradável e prazerosa a todos que desejam ser escritores –, podemos entrar em um estado tal de harmonia que aquela fortaleza a que me referi antes (física-emocional-mental) cai e possibilita o acesso direto à consciência. É neste momento que recebemos as melhores intuições. É neste momento que evoluímos como seres humanos. É neste momento que experimentamos a união com o universo.

10 comentários:

  1. Oi Amanda! A fonte tá muito clara e não consegui ler =(
    escurece um pouquinho?
    Depois eu volto rs
    bjus

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  2. Não conhecia o Stephen Play mas lendo a entrevista deu pra perceber que ele um cara muito articulado e tem uma visão incrível de mundo. Gostei muito. Ótima entrevista. Ah! Valeu pelo meme farei ele nos próximos posts!
    Beijos!

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  3. Que interessante moça! Bom conhecer e saber mais de pessoas assim! :)

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  4. Já li Eras, mas apesar de ser um pouco complexo demais pra mim, acho que o autor é muito inteligente! Parabéns pela entrevista, beijos.

    @minha_estante - Minha Estante

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  5. Adoro conhecer novos autores, ainda mais nacionais, e observar o que se passa pela mente tão misteriosa deles. É muito legal conhecer o que eles pensam!

    Adorei a entrevista!

    bjs

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  6. Gostei muito da posição de Stephen Play a respeito dos blogs de literatura. Estou em completo acordo!

    Abração
    Gabriel Dread

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  7. Entrevista interessantíssima, com pontos de vista obejetivos e claros.
    Gosto quando tem entrevista com um autor, assim podemos conhecer um pouco mais sobre ele e sobre a criação de sua obra.
    Sucesso!
    cheirinhos
    Rudy
    ALEGRIA DE VIVER E AMAR A O QUE É BOM!

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  8. ele é meu dindo e eu sou o sobrinho dele eduardo

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  9. Boa tarde,

    Foi o melhor livro que já li até hoje sobre o mundo, acredito que todos seres que estão em dúvida sobre religiões, sobre vidas em outros planetas. Ele revolucionou a visão, quando você termina o livro, juro que me senti uma idiota, sabe quando ele consegue dizer o que estava com aquela dúvida cruel? Depois que você ler este livro, sua vida se torna mais leve.

    Renata - Santa Catarina

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Ei, obrigada! :)

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